Eu cursava o ensino médio, a professora de língua portuguesa
havia solicitado uma resenha crítica sobre o filme “A invenção da mentira”. Mas
na verdade, eu não consegui assistir o filme, pensava numa desculpa esfarrapada
pra dar a professora, ligo a televisão e o resultado é esse texto e uma nota
máxima. Confira:
A decorrência da verdade
O combinado estava
feito: texto sobre o filme “A invenção da mentira”. Após alguns dias, já era
noite da véspera de cumprimento do acordo arranjado. Ana, por sua vez, sentada
no sofá a articular uma ideia, perdera a paciência, ligou a televisão e
mantinha o controle remoto sempre em uma das mãos, mudava de canal. Em meio a
tantas trocas, um brasileirinho a atraiu muito e Ana não mudou de canal.
Todo aquele contraste social e aquela arte imitando a realidade
eram típicas identificações de um filme do Brasil. Mas aquele filme possuía um
teor diferenciado, um conteúdo tão real e chocante que prendia Ana ao sofá.
A protagonista
do longa metragem, Lúcia, preferia fechar os olhos diante do medo e, ao
decorrer dos fatos da história, foi sendo corrompida, tornou-se produto do meio.
Ana continuava sentada, os olhos estavam vidrados e sua mente corria em alta
velocidade. Violência: esse era o tema geral apresentado pelo filme. Ana achava
uma atitude muito medíocre refletir apenas sobre os eixos que englobava o tema
central do filme e achou o máximo o desempenho da atriz Andréia Beltrão (que
fazia o papel da protagonista).
À primeira
vista, a película falava das situações de poder que estavam envolvidas no
sistema prisional brasileiro. Mas Ana observava, além disso, ela via o
questionamento do limite entre o bem e o mal exposto em Lúcia ao fazer de um
tudo para libertar seu filho que cometera um homicídio e acabara preso. A
personagem de Andréia Beltrão envolvera-se inocentemente, com uma organização
de bandidos, o PCC. Ana achava que o longa polemizava ainda mais a eterna
discussão do “partidarismo bandido”.
Apesar de toda a
forte contextualização da realidade brasileira, Ana avistava amor em tudo. Amor
de Lúcia pelo filho e da envolvente paixão que ela teve com o poderoso líder do
PCC. Ana estava envolvida com o filme.
O filme aproxima-se
de seu término, pensa Ana. E ela nem sequer sabe o nome do drama que assistia.
Entre um comercial e outro, Ana, procura na internet o nome do filme. “Salve
Geral – O Dia Em Que São Paulo Parou” era assim denominado a película que Ana
tanto se impressionara.
Já era tarde da noite. Fim de
filme. Ana não havia feito o combinado. E quanto a produção sobre “A invenção
da mentira”? Ana preferiu contar a verdade.